Há algum tempo, tenho lido aqui na internet e pensado mais sobre a questão do consumismo, minimalismo e viver com menos. Com tanto estímulo a “ter” sempre mais, somos desafiados a nadar contra a corrente. Não estou aqui para falar de uma nova filosofia de vida, mas pra te fazer repensar sobre algumas coisas que a gente guarda em casa.
Nós, bibliotecários, temos a tarefa anual, em algumas bibliotecas, de fazer o descarte de livros, para dar lugar aos novos, afinal nosso espaço é limitado. Alguns não veem a hora de desocupar a estante de livros velhos, outros relutam e não querem se desfazer de alguns livros mais antigos.
Com o acervo pessoal, o apego é ainda maior. Apaixonados por leitura e livros de papel têm prazer no cheiro, toque, têm carinho pelos livros. Alguns separam por cores, por autor e até mesmo por preferência. A questão é que gostamos mesmo de ver eles na estante, lindos e expostos.
No entanto, com o leitor digital, não é possível ter essa visão maravilhosa e por isso, desde que comprei meu Kindle, percebi que meus livros ficavam mais como um estoque, guardado pra “um dia eu ler de novo” (o que nunca aconteceu).
Uma das 5 leis de Ranganathan, que são fundamentais para a biblioteconomia, diz que “os livros são para serem usados”.
Os livros existem para serem lidos e não para ficarem pegando poeira na estante. Tanto conhecimento e um mundo inteiro de possibilidades fica parado por simples apego nosso. Que tal se propor a mudar isso?
Na empresa onde trabalho, fizeram uma campanha de doação de livros para a criação da biblioteca de um presídio. Achei muito boa a iniciativa e quis contribuir. Isso me levou a analisar minha estante com a perspectiva de que os livros que eu tinha poderiam ser realmente úteis para outras pessoas. De um em um, enchi 3 sacolas (e ainda fiquei com muitos). Ao entregar na seção responsável por receber, os funcionários ficaram impressionados com tanto livro e foram dar uma olhada. No final das contas, cada um escolheu alguns livros para ler (super empolgados, rs), com o compromisso de passar adiante, e ainda foram outros para biblioteca.
Fiquei muito feliz e me deu impulso pra fazer isso com outras coisas que tenho. Percebi que posso e preciso compartilhar mais, não preciso ter tanto. Se eu não gostei, outra pessoa pode gostar. Se eu descobri algo muito bom, posso compartilhar.
De tudo, é interessante pensar no valor que aquilo tem pra você. Se você mudasse de casa e não tivesse muito espaço, valeria a pena carregar aquele “peso” com você? O quanto aquilo é importante e necessário pro seu dia a dia ou pra quem você é?
O que você acha de tentar? Comece a pensar naquilo é realmente útil pra você!
Deixo o desafio para os apegados de plantão! 🙂
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